Formada em parceria com outras universidades do país e do exterior, a rede permitirá monitorar a circulação de diferentes agentes virais em seres humanos e animais
A Universidade Feevale será sede, a partir do final deste ano até 2028, de um Instituto Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (INCT). O anúncio foi feito pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A Instituição conta com a parceria de instituições de quatro Estados – Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul – e, também, da Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido.
Para a formação da rede, o MCTI, o CNPq, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) destinarão recursos na ordem de R$ 5,3 milhões. A verba será disponibilizada para pesquisas de alto nível, a serem desenvolvidas em rede.
O projeto foi selecionado na última chamada pública do programa Institutos Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação (INCTs), em 2022. O programa foi criado em 2008 e se caracteriza por grandes projetos de pesquisa de longo prazo em redes nacionais ou internacionais de cooperação científica, envolvendo pesquisadores e bolsistas das mais diversas áreas para o desenvolvimento de projetos de alto impacto científico e de formação de recursos humanos.
Cada um dos INCT atualmente em execução no Brasil atua em um tema de diferentes áreas do conhecimento, seja de Ciências Humanas, Biológicas, Exatas ou Agrárias, envolvendo milhares de pesquisadores e bolsistas em temáticas complexas. Os projetos são estruturados em subprojetos, muitos dos quais descentralizados nos diferentes laboratórios e centros que integram a rede de pesquisa.
Excelência em produção científica
O Instituto Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (INCT) deve possuir, na coordenação, uma instituição sede com excelência em produção científica e/ou tecnológica, alta qualificação na formação de recursos humanos e com capacidade de alavancar recursos de outras fontes. Na Feevale, o INCT será coordenado pelo professor Fernando Spilki, pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão da Universidade Feevale.
Segundo Spilki, entre as atividades do grupo está monitorar a circulação de novos vírus em animais silvestres e verificar a dinâmica de circulação de diferentes agentes virais em seres humanos e animais domésticos. Também haverá margem de recursos para investigar casos novos e não resolvidos pelos métodos convencionais de diagnóstico, em diferentes espécies e nas pessoas. “O projeto nos permite trabalhar na fronteira mais importante, no sentido de antecipar novas pandemias. Esse tipo de informação também é relevante, no dia a dia, para os órgãos que monitoram saúde animal e humana e, ainda, para auxiliar na conservação de espécies da fauna brasileira”, explica.
O coordenador substituto do INCT, Maurício Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), salienta a importância deste INCT, que é uma parceria entre vários institutos, para o estabelecimento de uma rede ativa e prospectiva de identificação dos riscos à saúde humana e animal. “Essa rede tem uma parte gerada pela Rede Corona-ômica.BR/MCTI, que já foi uma parceria de muito sucesso, liderada pelo Fernando Spilki e pela Universidade Feevale. Essa nova rede de vigilância vai nos permitir expandir não só questões de coronavírus, mas de outros patógenos que são importantes para a saúde humana e animal”, afirma.
De acordo com a pesquisadora Helena Lage Ferreira, da Faculdade Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da Universidade de São Paulo (USP), o INCT aprovado tem o enfoque em vigilância genômica e de saúde única. Ela destaca a união de redes estabelecidas durante a pandemia de Covid-19, como a Rede Corona-ômica.BR/MCTI (atuante na vigilância genômica de vírus), Rede Previr/MCTI (Rede Nacional de Vigilância de Vírus em Animais Silvestres), Rede Vírus Diagnóstico (envolvida no desenvolvimento de diagnóstico de Covid-19) e Rede Laboratório de Campanha.
Para a pesquisadora, haverá um grande impacto científico para o país, pois somará os esforços já estruturados para o monitoramento e os estudos avançados dos vírus emergentes e reemergentes, como Zika, SARS-CoV-2 e influenza aviária. “Com isso, teremos o INCT para impulsionar as pesquisas nessa área, juntando lideranças da virologia com diferentes perfis para monitorar e ajudar no controle dos vírus emergentes”, diz Helena.
Instituições participantes do INCT sediado na Feevale
Rio Grande do Sul
– Universidade Feevale
– Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
São Paulo
– Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp)
– Universidade de São Paulo (USP)
– Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
– Universidade Estadual Paulista (Unesp)
– Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM)
Minas Gerais
– Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Mato Grosso do Sul
– Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
Alemanha
– Universidade de Berlim
Estados Unidos
– University of Texas Medical Branch
Reino Unido
– UK Health Security Agency (UKHSA)