Este texto não foi escrito pelo ChatGPT nem por nenhuma outra dessas sedutoras ferramentas de inteligência artificial. Ou talvez tenha sido. E agora? Na verdade poderia ter sido, pois confesso que não são poucas as vezes que bate uma preguiça boa que nos seduz e nos conduz sorrateiramente até uma procrastinação satisfatória.
“Não são poucas as vezes que bate uma preguiça boa que nos seduz e nos conduz sorrateiramente até uma procrastinação satisfatória.”
Tá, mas a verdade é que este texto foi escrito por mim mesmo. Sim, “grande coisa” você deve estar pensando. Mas o objetivo aqui é só refletir que enxergo esses robozinhos como aliados da escrita e não como concorrentes. Isso porque eles são bem burrinhos, cheios de clichês e engessados, assim como são as pessoas que se entregam em êxtase total a eles.
Quem tem o mínimo de consciência textual percebe, logo nas primeiras linhas, quando um texto teve ajuda de um ChatGPT da vida. A verdade está nas entrelinhas, literalmente. Portanto, quem de fato tem a escrita como atividade consegue se destacar fácil, fácil hoje em dia, já que antes um texto ruim ao menos era um texto feito com algum certo esforço. Uma tentativa de colocar algumas palavras no papel (gosto dizer “papel”, fica mais romântico do que dizer “palavras na tela do computador”).
Hoje, um texto fraco é praticamente a prova de que foi obra de uma mera coprodução de um bicho preguiça com IA. Isso é um baita paradoxo. A pessoa recebe um texto em segundos e acredita estar se beneficiando com a fantástica ferramenta escritora, quando na verdade pode estar passando uma vergonha alheia ao deixar na cara que seu texto não é sua criação, ainda mais quando nem ao menos se dá ao trabalho de fazer uma releitura do que foi escrito pela máquina, assim como eu fiz para disfarçar este texto que você acabou de ler.
Mentira, este texto não foi escrito pelo ChatGPT. Ou foi?