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Robert Pattinson morre de novo… E de novo… E de novo em ‘Mickey 17’

O que a sátira sci-fi distópica de Bong Joon Ho perde em acidez, ela compensa ao destacar seu protagonista como um trapalhão infinitamente copiado e constantemente ressuscitado

Leonardo Minhotti por Leonardo Minhotti
19/03/2025 - 22:07
em Opinião
Robert Pattinson em 'Mickey 17'. ©️ Warner Bros. Pictures

Robert Pattinson em 'Mickey 17'. ©️ Warner Bros. Pictures

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O tão esperado Mickey 17, novo filme de Bong Joon Ho após o sucesso de Parasita (2019), parte de um avanço tecnológico para transformar seu protagonista em um verdadeiro experimento humano, submetendo ele a uma rotina de absurdos e brutalidade futurista. No começo da década de 2050, a humanidade dominou a clonagem de corpos e a transferência de uma única consciência entre eles. Quando conhecemos Mickey Barnes, interpretado por Robert Pattinson, ele já passou por inúmeras versões de si mesmo e está prestes a morrer mais uma vez. Preso em uma caverna de gelo repleta de criaturas alienígenas, ele nos conta sua história: na Terra, Mickey e seu melhor amigo Timo (Steven Yeun) entraram na mira de um mafioso. A chance de embarcar em uma missão colonizadora para um novo planeta, em uma viagem de pouco mais de quatro anos, parecia a solução ideal para fugir do perigo.

O problema é que Mickey não é exatamente um gênio. Ele aceitou o cargo de “Descartável”, a função mais arriscada da nave. Sempre que os cientistas precisam testar os efeitos da exposição a radiação letal, experimentar uma vacina para um vírus mortal ou estudar um novo gás nervoso, é ele quem é chamado para a tarefa — e para morrer da pior forma possível. Esse é seu trabalho, e a demanda nunca para. No entanto, todas as suas memórias ficam armazenadas em um disco rígido portátil. Assim, depois que seu corpo é descartado no incinerador de resíduos, Mickey simplesmente é “reimpresso” em um novo corpo feito de matéria reciclada. Simples assim. Ele pode voltar a aproveitar seu tempo com sua namorada, Nasha (Naomi Ackie), uma soldado que também faz parte da missão, até que seja convocado mais uma vez para ser queimado, envenenado, esfaqueado ou despedaçado — um verdadeiro boneco de testes de carne e osso.

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Baseado no romance Mickey7, de Edward Ashton, publicado em 2022, Mickey 17 expande o conceito original ao inserir ainda mais versões do protagonista na história. Bong Joon Ho dedica a primeira metade do filme a estabelecer a premissa central do livro — o que o autor descreveu como “uma imortalidade ruim… aliada a uma estrutura social exploradora.” As desigualdades de classe sempre foram um tema recorrente na obra do diretor vencedor do Oscar, seja em tramas sobre serial killers (Memórias de um Assassino), filmes de monstros (O Hospedeiro), dramas familiares (Mother: A Busca Pela Verdade) ou sátiras sociais afiadas como lâminas (Parasita).

Mickey pode não ter começado na base da pirâmide econômica — ele até tentou abrir uma confeitaria de macarons, mas o negócio nunca virou uma “padaria” que eles imaginavam. No entanto, ao assinar um contrato que essencialmente vendeu sua vida presente e futura, ele se tornou um servo dos seus superiores. Agora, ele está preso no degrau mais baixo da hierarquia da nave, condenado a uma existência de sacrifício perpétuo, que aceita com um encolher de ombros resignado. Ao longo do filme, personagens o chamam de “carne” incontáveis vezes. Se somarmos as vezes em que ele próprio usa o termo para se descrever, esse número dobra.

Bong já explorou cenários semelhantes antes, combinando uma estética suja, um clima distópico e um humor sombrio digno do fim dos tempos. Seu filme Expresso do Amanhã (2013) também abordava o conflito entre elites e marginalizados, levando a tensão a extremos fantásticos, violentos e eletrizantes. Assim como naquele longa, Mickey 17 traz um vilão exagerado, interpretado por um ator que se entrega completamente ao papel — e, mais uma vez, a figura tem inspiração em um político da vida real. Tilda Swinton já revelou que baseou sua personagem autoritária em Expresso do Amanhã, em parte, em Margaret Thatcher. Agora, Mark Ruffalo dá vida a Kenneth Marshall, um político arrogante que manipula seus seguidores fanáticos para segui-lo pelo espaço. Seu “novo mundo” é um “planeta branco”, ideal para seus dois grandes objetivos: pureza racial e um culto messiânico ao estilo “só eu posso resolver isso.” Fica fácil adivinhar a inspiração por trás do personagem. Basta dizer que ele está colonizando o espaço porque “perdeu suas duas últimas eleições” para perceber que este filme é, no mínimo, uma excelente forma de escapismo.

Felizmente, Robert Pattinson consegue manter tudo em equilíbrio sem diluir as metáforas sobre o capitalismo tardio ou o existencialismo melancólico. Ele também é o motivo pelo qual a segunda metade do filme funciona duas vezes melhor que a primeira. O ex-galã mergulhou de cabeça em sua fase de esquisitão definitivo do cinema do século XXI, usando sua beleza e carisma para dar vida a personagens cada vez mais ousados e insanos. Você passa o filme admirando seu rosto esculpido no estilo Ilha de Páscoa enquanto ouve ele falar com um sotaque anasalado digno de um filme de comédia, que de alguma forma faz com que esse pobre coitado pareça mais simpático do que simplesmente patético. No espaço, ninguém pode ouvir você gritar — mas todo mundo certamente pode ouvir você reclamar.

Antes mesmo de vê-lo se contorcer como um boneco de borracha e provar que é tão bom na comédia física quanto como símbolo sexual, Pattinson constrói um “cara comum” sobrecarregado pelo peso da penitência (um acidente na infância faz com que ele sinta que esse ciclo infinito de morte é um castigo merecido), enquanto tropeça de um destino sangrento para o outro. Seu Mickey é o beta definitivo, completamente derrotado pela vida. E então conhecemos sua contraparte alfa.

Voltando à introdução: Mickey nº 17 havia sido dado como morto, deixado para morrer naquela caverna de gelo no planeta Niflheim. Só que os insetos mutantes que habitam o lugar não estão interessados em devorá-lo. Na verdade, eles se revelam versões intergalácticas da adorável criatura que protagoniza o conto de fadas Okja (2017), de Bong, e acabam ajudando ele a voltar à superfície num ato de amizade entre espécies. De volta à base, ele rasteja para sua cama — e descobre que já há outro Mickey dormindo nela. Como haviam presumido que o nº 17 estava morto, os seus superiores prontamente imprimiram o Mickey nº 18, que se revela uma versão muito mais agressiva do original. “Múltiplos”, ou seja, duas cópias coexistindo ao mesmo tempo, são altamente ilegais. Mas dois Mickeys serão úteis quando Marshall começar a brincar de ditador militar, uma ação cruel colocar colonos e alienígenas em conflito, e a destruição mútua precisar ser evitada — a menos que Mickey 17 consiga intermediar uma trégua.

Mesmo os atores menos narcisistas adoram a oportunidade de atuar contra si mesmos — é um desafio que está no mesmo nível de interpretar ícones da música ou sobreviventes de tragédias reais. O resultado nem sempre é memorável, mas Pattinson assume a responsabilidade de dar vida a ambos os Mickeys com o mesmo compromisso com escolhas insanas que demonstrou ao interpretar o Batman. Ele consegue expressar as diferenças entre as duas versões com precisão: 17 fica ainda mais abobalhado, enquanto 18 ganha um ar perigoso e sociopata. Quando os dois discutem sobre quem merece viver, tentam evitar uma catástrofe ou até compartilham um breve ménage à trois com a guerreira animada e sedenta de Naomi Ackie, você esquece, mesmo que por um momento, que está assistindo ao mesmo ator. Isso não é só um truque de cinema. É uma prova de talento.

Filme disponível no Arcoplex Cinemas do Shopping do Vale.

Leonardo Minhotti

Leonardo Minhotti

Crítico de Cinema, Jornalista.

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