Em Rivais, novo filme do italiano Luca Guadagnino, gotas e mais gotas de suor caem diante das lentes da câmera com tanto amor, cuidado ou carnalidade. Trata-se, na verdade, de um drama de tênis e um triângulo amoroso torturante. O longa praticamente brilha nos dois astros masculinos competindo ponto a ponto para vencer — na quadra, fora da quadra, no quarto e na cama — e desliza para fora de cada polegada de seus físicos tonificados. Gotas enormes de transpiração escorrem de seus narizes, descem por seus pescoços e braços, e caem nas lentes em um close-up amoroso.
Não existe diferença entre a transpiração de Art Donaldson (Mike Faist) e seu oponente, amigo e colega de jogo Patrick Zweig (Josh O’Connor). No início, eles eram inseparáveis. Art começou a vencer campeonatos e se tornou o candidato para ser o “maior de todos os tempos”, enquanto Patrick tinha o talento para ir longe, mas nunca levou a sério o esporte. Independentemente de onde o destino guiou estes dois protagonistas, e o filme causa uma tensão angustiante, você provavelmente terá pensamentos desconcertantes e tensos com a atuação do trio estelar. É impressão minha ou está muito calor por aqui?
Esse tipo de narrativa já foi utilizado em algum lugar: Jules e Jim – Uma Mulher Para Dois, de François Truffaut, foi uma forte inspiração para a produção de Guadagnino. Então, toda a narrativa de Rivais envolve sexo, tênis, raquete quebrada, a Universidade de Stanford, mais sexo e mais tênis. Os dois jogadores atuam de todas as frentes, mas não veremos Tashi Duncan (Zendaya) suando, mesmo quando esta grande promessa do futuro do esporte passa por cima de seus adversários com uma velocidade que todos chegam a pensar que ela poderia ser a maior de todos os tempos em sua categoria. Como uma jovem que chama a atenção de ambos os protagonistas, a estrela da série Euphoria é o alfa designado do trio e a força dominante do filme.
Rivais é a jogada cinematográfica impressionante do cineasta italiano e o roteirista estreante Justin Kuritzkes, que apresentam Art e Patrick em backhands — jogada em que o oponente balança a raquete ao redor do corpo com as costas da mão, precedendo a palma da mão para rebater a bola do adversário — com Tashi observando casualmente nos bastidores. Guadagnino transmite no longa a filosofia de que o tênis não é apenas a conexão entre os jogadores, mas também representa suas vidas, suas obsessões coletivas, o que alimenta sua fama, fortuna e loucuras imaturas — e reflete na conduta dos três por todo o filme.
Como as coisas funcionam por aqui, repleto de flashbacks em que estamos no presente e voltamos para o passado, podem deixar o espectador inicialmente confuso — mas será essencial para compreender a narrativa do filme. Por exemplo, voltamos para duas semanas antes: Art está no meio de uma crise pessoal. Ele enfrenta todos os adversários, mas sua mente está em outro lugar e seu coração está em qualquer lugar, menos no jogo. Tashi — sua treinadora, esposa, mãe de seu filho e quem assina campanhas publicitárias, não está satisfeita. Ela inscreve Art neste evento para que seu marido possa voltar a trilhar os caminhos corretos, além de recuperar sua confiança na quadra e a ex-tenista sentir que não se casou com um fracassado.
Enquanto isso, Patrick está falido, desgrenhado e dormindo no carro; seus extratos bancários mostram que ele está lidando com outros problemas sérios além da estabilidade financeira. Art e Patrick não mantiveram mais contato. Ambos ficam surpresos ao se verem na escalação. Nenhum dos dois acha que Patrick chegará perto de estar nas finais — ele só precisa de algum dinheiro urgente — mas ele confirmará seu status de último recurso para seu ex-amigo, estragando os planos de Tashi.
Com o filme Me Chame Pelo Seu Nome, Guadagnino provou não ser tímido quando se trata de intimidade nas telas. Aqui, ele sabe que está trabalhando com um elenco insano e fotogênico em um cenário insanamente pirotécnico. Ele é um cineasta que trabalha com a forma sensual, o tocar, a malícia de seus personagens e seus desejos secretamente lascivos. Ele também sabe como sugerir o primeiro, o segundo e o terceiro rubores de uma onda hormonal grupal.
A atuação de Zendaya, entretanto, tem tudo a ver com controle: mascarando a falta dele, sempre mantendo o caos emocional sob controle, sempre mantendo o olho na bola, mesmo que não seja ela quem esteja acertando com a raquete. Então, todo esse conceito — a emoção da vitória como o cúmulo do êxtase, manifestado quando Tashi vence uma partida e grita “Vamos!” de uma forma que mais do que lembra um clímax, o ápice de um ato sexual — paira sobre cada cena em Rivais. Ainda assim, é sobre tênis e como esse esporte elitista e sem emoção é visto diante das câmeras, porque uma coisa complementa a outra. É a dualidade entre o lado esportivo e sexual. Bem Guadagnino de ser.