A Prefeitura de Gravataí tem fortalecido permanentemente as ações de promoção à saúde mental e de valorização da vida em diversas secretarias municipais, em especial durante o Setembro Amarelo, quando são intensificadas as atividades de conscientização sobre a prevenção ao suicídio. Tendo isso em vista, o Serviço Social do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) promoveu, entre os dias 4 e 6 de setembro, um ciclo de palestras alusivas à temática para servidores municipais.
“Participei pela segunda vez do ciclo de palestras do SESMT e novamente achei interessantes os temas abordados e muito boa a maneira como as palestras foram conduzidas. É bom saber que o SESMT se preocupa com o bem-estar do servidor, e estas palestras contribuem para que desempenhemos nossos papéis com mais tranquilidade e harmonia. A promoção da saúde mental traz apenas benefícios no dia a dia do trabalho”, destacou a enfermeira Amanda Dipp, coordenadora de Promoção da Saúde da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Com quase mil inscritos e uma média de 600 participantes ao vivo durante os três dias de evento, a ação contou com uma efetiva participação dos servidores, ainda que à distância, visto que o ciclo foi promovido todo de forma remota. Conforme os organizadores, as temáticas deste ano foram baseadas e pensadas em tópicos previamente selecionados, após questionamentos enviados a servidores municipais e nos acolhimentos realizados pela equipe do Programa de Saúde Mental, coordenado pelo SESMT – formado, por sua vez, pelo psicólogo Jerto Cardoso e pelas assistentes sociais Imara Rinkevicius e Priscilla Maduell Santos.
Ligado à Secretaria Municipal da Administração, Modernização e Transparência (Smat), o programa atua em prol da saúde mental do trabalhador. Realizado em parceria com a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), o evento deste ano discutiu diversos temas, entre os quais vivências em saúde mental no município e racismo no trabalho, com profissionais da rede de Gravataí e da Unisc.
No primeiro dia, houve a apresentação do Programa de Saúde Mental do SESMT e seus indicadores, bem como a palestra “Patologia da solidão e trabalho”, ministrada pelo psicólogo e professor universitário Marcus Vinicius Witczak. “Atualmente, a interação no trabalho não tem sido trabalhada, ela não é mais prioridade. E isso está adoecendo as pessoas. A escuta do outro tem sido deixada de lado”, comenta Imara.
Conforme Jerto, o trabalho precisa de pausas e de relacionamentos com os colegas, de forma a promover saúde. “A solidão do trabalho é isso: não interagir e não conviver com os colegas. Os espaços de convivência e de troca são fundamentais para uma boa saúde mental”, argumenta. A rotina do dia a dia, no entanto, não permite a estimulação de conversas diárias, o que reflete em “um mundo mais competitivo do que cooperativo”.
O segundo dia foi reservado aos temas voltados ao cuidado e vivências em saúde mental no município, com os psicólogos Gerson Jung e Jaqueline Ferreira, da SMS e Smed, respectivamente. Ambos desempenham papel fundamental na promoção de cuidados com a mente, seja junto a grupos de unidades de saúde, seja junto a ambientes escolares.
Assédio sexual no trabalho: protocolos e prevenção também foi tema durante o segundo dia de ciclo. Com orientações e medidas cabíveis a serem tomadas nesses casos, a palestra foi feita por profissionais da Casa Lilás de Gravataí, serviço que atende mulheres em situação de violência doméstica. O Programa de Saúde Mental do SESMT, por exemplo, atua no atendimento social e psicológico às vítimas.
Por fim, as psicólogas Fernanda Landim e Kátia Ferreira debateram racismo no trabalho durante o terceiro e último dia, quando trouxeram um resgate sobre a história da população negra. “A população negra, ao longo da história, sofre com o preconceito diariamente. Isso acaba interferindo na sua saúde mental, gerando sofrimento para esses trabalhadores e suas famílias. O racismo, assim como a pandemia de covid-19, tem afetado tanto os mais vulneráveis socialmente, quanto os pretos e os pardos, sendo esse grupo um dos mais atingidos. Portanto, a reflexão sobre essa temática, nesse dia, buscou produzir a conscientização de que precisamos romper com o silêncio e debater o tema”, explica Jerto.
A assistente social Priscilla Maduell acrescenta que o Programa de Saúde Mental coordenado pelos três servidores atende, atualmente, servidoras que relatam casos de racismo em seus ambientes laborais. Além disso, reitera o quanto isso dificulta a integração com os demais colegas. A discussão desses tópicos, por sua vez, auxilia em um entendimento maior acerca da temática.
Como buscar o Programa de Saúde Mental
Para aqueles servidores que estejam necessitando do serviço, é possível acessar o programa por livre demanda. As coordenações dos serviços também podem encaminhar os servidores pelo e-mail programadesaudementalsesmt@gmail.com. Além disso, a Perícia Médica do SESMT realiza indicações para o programa.
Neste ano, o serviço ganhou o reforço de mais uma psicóloga e de um psiquiatra, que contribuirão para os atendimentos. Os servidores municipais que tiverem interesse no programa de apoio psicológico devem entrar em contato com o serviço social pelo telefone 3600-7333 para o agendamento do acolhimento.