Nada como o nada

Há quem não suporte estar sem fazer nada. Aliás, sem fazer não. Não suporte fica fazendo nada. Muitos acreditam que esse sentimento de vazio é perda de tempo, improdutivo, e que apenas nos tira a atenção dos nossos compromissos e nos fará pessoas ignorantes, entregando nossa mente para pensamentos nebulosos. Cabeça vazia, casa do diabo.

“O que pode parecer uma mente produtiva, sempre ativa e disposta, em alguns casos, trata-se apenas de uma mente mais atrapalhada do que aquela que se permite fazer o nada.”

Porém, todo esse sentimento de ansiedade que não permite muitos terem alguns breves instantes consigo mesmo pode ser tão prejudicial quanto esvaziar um pouco a mente e aproveitar o nada do momento. Inclusive, existe um movimento chamado Nadismo, que busca oferecer mais qualidade de vida fazendo com que ela desacelere em alguns momentos do dia. E, ao contrário do que muitos imaginam, ficar fazendo nada não se trata de perder tempo. E sim de melhor equilibrá-lo à rotina.

Diversos indivíduos se sentem culpados se precisarem desconectar por alguns minutos. Sentimento de culpa que é apenas um sintoma de ansiedade que toma conta de um número cada vez maior de pessoas no mundo. Isso gera tensão. Gera preocupação constante. Sofrimento que não se sabe nem o motivo. Busca desesperada por atenção que acaba gerando uma frustração, que acaba levando a tristeza, que acaba levando ao desespero e a uma concorrência com o próprio ego.

O que pode parecer uma mente produtiva, sempre ativa e disposta, em alguns casos, trata-se apenas de uma mente mais atrapalhada do que aquela que se permite fazer o nada. Podemos imaginar o fazer nada como uma faxina em um computador lento, que trava constantemente e, não raro, é preciso ser levado para a manutenção para poder seguir seu trabalho horas a fio. Em determinado momento ele dá pau de vez.

Para não ser levado para o conserto — ao menos não antes da hora —, nada como aprender a relaxar. Nada como diminuir o ritmo. Nada como dar uma pausa. Nada como… o nada.