Manuais demais e consciência de menos

O convívio social pode não ser uma das coisas mais simples que existem. Tudo bem que também não é nada de outro mundo. Mas ser educado, ter respeito e saber ouvir e falar nos momentos certos são pequenos detalhes básicos que irão ajudar muito na tarefa de lidarmos uns com os outros, ainda mais em tempos de extremismos e disseminação de ódio que se espalham como virose.

Isso me veio à mente quando vi, na vitrine de uma livraria, a capa de um livro sobre boas maneiras. Não lembro o nome, até porque não me interessei, por acreditar que boas maneiras não devem ser apresentadas como um manual de instruções humano. Boas maneiras têm a ver com nosso bom senso, com nossa dignidade de sabermos que cada um tem seu espaço. Independente se você está ou não utilizando os talheres do lado correto do prato, ou se corta o espaguete ou se o enrola. Eu, pessoalmente corto. E como junto com arroz, para desespero de engessados frios e calculistas de poucos sorrisos.

Por isso não me interesso por um livro de boas maneiras. Para também não me transformar em um desses paranoicos que prestam atenção em cada movimento com medo de estarem cometendo alguma gafe e serem taxados de mal-educados. Acho que nosso tempo anda cada vez mais curto, e ainda vamos nos martirizar por tão pouco? Não vamos, não. Não concorda?

Do que adianta tantas normas serem criadas focando em interações sociais bem-sucedidas, se leis constitucionais não são obedecidas. Se bilhões são desviados e já não mais causam espanto. Se a energia elétrica é usada de maneira clandestina em muitas residências. Se policiais despreparados matam inocentes nas ruas. Se as mulheres ainda são alvos de violência física e moral devido ao machismo que impera até mesmo em entidades que deveriam protege-las. Se a homofobia ainda é latente em nossa sociedade.

Portanto, se há uma regra que deve ser seguida é a da consciência.