Inteligência Emocional no ambiente de trabalho

Leia artigo de Fernanda Consul, psicóloga e professora da Aprendizagem do Senac Gravataí

Nossa sociedade vem vivendo grandes mudanças e transformações que influenciam as organizações, sua administração, o seu comportamento, mas principalmente a forma de gerir as pessoas.  Por esse motivo, é muito importante conhecer e entender as relações humanas, suas características e sua visão frente ao mundo do trabalho.

A teoria das relações humanas surgiu nos Estados Unidos em oposição à abordagem clássica da administração desenvolvida por Frederic Winslon Teylor. Vem de encontro à tendência de desumanização do trabalho com a utilização de métodos rigorosos aos quais estavam sendo submetidos os trabalhadores. Criada pelo administrador Elton Mayo, passou a ser uma nova linguagem no repertório administrativo. As temáticas em questão referem-se agora a motivação, liderança, comunicação, dinâmica de grupo entre outras.

As relações humanas são as ações e atitudes desenvolvidas através dos contatos entre pessoas e grupos. Cada pessoa possui uma personalidade diferenciada que influencia no comportamento e atitudes das outras com quem tem contato e é, por outro lado, igualmente influenciada pelas outras. Nessa nova visão os trabalhadores passam a ser percebidos como criaturas sociais complexas, com sentimentos desejos e temores. As pessoas são motivadas por certas necessidades e alcançam satisfação por meio dos grupos com os quais interagem.

Desenvolver a capacidade de trabalhar com outras pessoas é um dos aspectos mais importantes para o sucesso profissional de qualquer indivíduo. Claro que o domínio técnico de sua profissão também é de suma importância. Sabemos que ninguém indicaria um médico à outra pessoa somente pelo fato desse profissional ser simpático, e nesse caso, estamos nos referindo à capacidade técnica, no entanto, não é suficiente para garantir seu sucesso.

Você certamente conhece alguém na família ou no trabalho com quem não consegue se relacionar bem. É claro que isso não acontece só com você. Todos nós temos problemas para interagir com algumas pessoas, em especial quando elas são diferentes de nós. Problemas de relacionamento existem em todos os lugares e estão sempre fazendo parte de nossas vidas. Sabemos que as pessoas são únicas, mas às vezes nos sentimos frustradas com aquelas que não combinam completamente com nosso estilo ou com nossa maneira de ver o mundo. E então, precisamos aprender a lidar com as diferenças. E para que isso aconteça, surge um questionamento: Como você lida com as emoções?

A inteligência emocional pode ser identificada como a capacidade de lidar com as emoções. É o reconhecimento das próprias emoções e a capacidade de identificar emoções e sentimentos nos outros indivíduos. Está estritamente ligada ao Quociente Emocional (QE), que pode se entendido como o uso inteligente das emoções, isto é, fazer propositalmente com que suas emoções trabalhem a seu favor, utilizando-a como um auxílio para ditar seu comportamento e seu raciocínio de maneira a melhorar seus resultados.

Para Goleman, o indivíduo é composto por dois cérebros, duas mentes e, sendo assim, dois tipos de inteligência: a racional e a emocional. Nosso desempenho na vida sofre influência das duas. Durante anos acreditou-se que o QI, quociente de inteligência, fosse determinante para o desenvolvimento e desempenho de um indivíduo, porém hoje, se percebe que não é apenas o QI, mas a inteligência emocional tem grande força. O aspecto intelectual do indivíduo não pode dar o melhor de si sem a inteligência emocional. Essa nova maneira de perceber a inteligência muda muita coisa na vida dos indivíduos. Hoje um bom profissional, não é mais aquele que tem apenas competência e sim aquele que equilibra a competência ao controle emocional para o exercício profissional.

Sendo assim, como professora de jovens que buscam a inserção no mercado de trabalho, utilizo as cinco habilidades citadas por Goleman, que caracterizam a trajetória de pessoas consideradas emocionalmente inteligentes. São elas:

Autoconsciência: A autoconsciência é a base da compreensão para identificar pontos fortes e aspectos que precisam ser mais desenvolvido. Quando o indivíduo consegue desenvolver a autoconsciência, consegue monitorar-se, identificando o que está sentindo, observando suas ações, podendo influenciar seus próprios atos de tal maneira que funcionem em seu benefício.

Autogerência: É preciso tentar controlar suas emoções, que significa compreendê-las e usar essa compreensão para lidar com as situações da maneira mais produtiva. É administrar o que sente.

Automotivação: Quando o indivíduo está motivado, é capaz de iniciar uma tarefa, persistir nela, prosseguir até concluí-la e lidar com qualquer obstáculo que possa surgir.  Existem fontes nas quais o indivíduo pode buscar motivação como: ele próprio, apoio dos amigos, parentes e colegas, uma figura modelo, seu ambiente, entre outros. Fortalecer a confiança, a flexibilidade, o otimismo e o entusiasmo, pode ajudar a motivar-se e permanecer motivado, transformando dificuldades em sucesso.

Empatia: É um conceito chave no desenvolvimento de relacionamentos. Pode ser definida como a habilidade de identificar e reconhecer a condição de outra pessoa, seus sentimentos e motivos. É a capacidade de reconhecer as preocupações e interesses que outras pessoas possuem. As pessoas que têm empatia preocupam-se de verdade com as outras e valorizam a compreensão dos sentimentos e das emoções. Segundo o senso comum, empatia é simplesmente a habilidade de “colocar-se no lugar dos outros” ou “entrar em sintonia”.

Capacidade de se relacionar: Relacionar-se bem com os outros significa entrar em contato com eles para trocar informações de maneira expressiva e apropriada. Capacidade de comunicar-se em níveis adequados, de modo que as informações sejam passadas de maneira eficaz. Compartilhar sentimentos, pensamentos e ideias. Portanto, desenvolver a habilidade de lidar com as emoções dos outros de maneira adequada.

O fato de vivermos em grupo, nos remete ao convívio com pessoas e esse vai depender dos relacionamentos que as mesmas estabelecem, por isso, para ter sucesso é importante que todos usem o melhor de sua capacidade, como também ajudem as outras pessoas a fazer o mesmo. Pensando na inteligência emocional, isso significa ajudar as pessoas a controlar emoções, comunicar-se eficientemente, solucionar problemas, resolver conflitos e adquirir motivação.

No atual contexto que vivemos uma realidade desafiadora ocasionada pelos desdobramentos da pandemia pensar, investir e se disponibilizar a desenvolver e aprimorar sua inteligência emocional é essencial a qualquer indivíduo que queira investir no seu crescimento pessoal e profissional, principalmente aos jovens que buscam a primeira inserção do mercado de trabalho, pois sabemos que quanto mais cedo iniciamos o desenvolvimento dessa habilidade melhor será para o profissional e também para as organizações que buscam por qualificação e capacidade de adaptação unindo competências técnicas e comportamentais.

Fernanda Consul

Psicóloga e Professora da Aprendizagem

SENAC Gravataí

Esp. Em formação pedagógica dos cursos técnicos e tecnólogos