Como o Rio Grande do Sul está resolvendo o problema do lixo veicular

POR DENÍLSON ALMEIDA DOS SANTOS*

Quando falamos do impacto ambiental da indústria automobilística, logo vem à mente a emissão de gases poluentes. Pouco se discute o destino de milhares de carros, motos, ônibus e caminhões quando saem de circulação. O lixo veicular leva à contaminação do solo e do ambiente aquático por metais, plásticos, borrachas, óleos e outros materiais. Os veículos abandonados também se tornam foco de pragas urbanas que podem representar riscos à saúde.

Para minimizar esses impactos, o Rio Grande do Sul encontrou uma solução: a reciclagem veicular e o incentivo à reutilização de peças usadas com origem lícita. Estima-se que, no Brasil, apenas 1,5% da frota é reciclada. Na Europa, esse índice chega a 85%; nos Estados Unidos, a 95%. A lei federal de 2014 que regulariza a atividade de desmanche de veículos no país é aplicada na prática apenas por Rio Grande do Sul e São Paulo.

O DetranRS encaminha para reciclagem anualmente 3,2 mil toneladas de veículos em final de vida. Também supervisiona a reutilização de peças usadas. Desde 2015, mais de 370 mil veículos em final de vida passaram pelos 476 Centros de Desmanches de Veículos (CDVs) credenciados.

Percebemos, assim, a importância do protagonismo do poder público para a resolução do problema. A destinação ambientalmente correta dos veículos em final de vida colabora diretamente para a proteção do meio biótico (fauna e flora) e do meio abiótico (água, ar e solo). Também contribui para a redução de resíduos que seriam enviados aos aterros sanitários ou descartados de forma irregular, além de favorecer a economia de recursos naturais que deixam de ser extraídos do meio ambiente (principalmente água e minérios), sem esquecer a redução da emissão de gases poluentes.

Além da preservação ambiental, o combate ao desmanche ilegal, a destinação ambientalmente correta dos veículos em final de vida e a reutilização de peças lícitas contribuem para a redução no número de furtos e roubos de veículos. Essas iniciativas também resultam em benefícios econômicos, gerando lucro, criando empregos e impulsionando a economia circular.

*Bióogo e técnico superior do DetranRS