Servidora da Saúde de Gravataí palestra no 3º Encontro Gaúcho de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria

A auxiliar de enfermagem Flavia Zimmermann Viscardi, da Unidade de Saúde da Família (USF) Cohab C, palestrou no III Encontro Gaúcho de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria, organizado pelo Conselho Regional de Enfermagem do RS (Coren/RS). Durante sua apresentação, nesta quinta-feira, 1º, a servidora debateu na mesa sobre Atenção à Saúde Mental de municípios de pequeno e médio porte e Atenção Primária à Saúde.

“Foi desafiador e muito importante falar sobre o trabalho realizado e mostrar que é possível trabalhar com saúde mental com poucos recursos”, disse Flávia, servidora da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) há quase dez anos.

À frente do grupo Doce Viver, a auxiliar de enfermagem trabalha uma série de temas voltados ao cuidado com a saúde mental, para além dos cuidados com a saúde física. Há 12 anos, o Grupo de Convivência se reúne para os encontros, que contam com assuntos como cuidados básicos de higiene, necessidade dos exames preventivos, alimentação saudável e o cuidado com a saúde bucal, entre outros. Atualmente, 20 pessoas frequentam o grupo e participam dos encontros, organizados quinzenalmente.

“A composição do grupo é, em sua maior parte, mulheres com depressão, ansiedade, doenças causadas pelos mais diferentes tipos de problemas: luto, separação, filhos, dificuldade em aceitar o envelhecimento. Na unidade, não condicionamos a presença no grupo a nada, a depressão é uma doença com altos e baixos, então deixamos as pacientes livres para frequentar o grupo”, destaca.

Ao lado da agente comunitária de saúde (ACS) Claudete, Flávia ressalta que procura integrar os profissionais da unidade – médicos, enfermeiros, dentistas e demais servidores – nos diversos projetos existentes, entre eles os grupos de artesanatos, feitos com materiais doados ou reciclados. Ainda sobre doações, a auxiliar de enfermagem lembra que, durante a pandemia, um grupo virtual foi montado para auxiliar famílias mais carentes da comunidade.

“Procuro incentivar pequenas atividades para a maioria das pessoas, porém tarefas muito árduas para quem está depressivo, como arrumar a cama, abrir a janela, ter o pote da gratidão, caminhar ao ar livre, ter um lazer. Meus colegas e a coordenação da unidade ajudam e incentivam a participação no grupo. Tenho canal aberto com todos, se não houvesse essa parceria seria impossível manter o trabalho”, relata.

Não à toa, diversas saídas já foram organizadas por ela, Claudete e o psicólogo Gerson Jung, também responsável pelo grupo. Na lista de passeios, estão a subida ao Morro Itacolomi, saídas a Gramado e Canela, entre outras. A prática de meditação e conversa com outras pessoas, lembra, é uma importante aliada no cuidado à saúde mental. “Não podemos mudar o passado, mas o presente precisa ter cores e formas para poder ter esperança no futuro”, completa.

“Fazer o grupo de convivência dar certo não é fácil, é necessário dedicação, esforço e empatia pelos pacientes. Ouvir muitos nãos. Aceitar a fragilidade de cada um que surge nos encontros. Mas é gratificante ver a melhora, mesmo que singela, de um ser humano que não conseguia nem sorrir. São situações que nos dão coragem e motivação para continuar com o grupo. Trabalhar com saúde mental é um desafio diário, não existe fórmula pronta, mas estamos sempre aprendendo”, finaliza.