“Ser voluntária sempre esteve em meu coração”. Assim, Letícia Ruiz resume a paixão por sua atuação no Grupo de Resgate e Apoio Voluntário de Emergência, o Grave, de Gravataí. Enfermeira e mamãe do Isaac, de 6 mesinhos, ela compartilha o amor em ajudar o próximo em um ‘diário’ no Instagram, onde tem mais de 16 mil seguidores.
E mais do que isso: ela usa a ferramenta virtual também para ajudar os outros, com dicas de saúde, segurança e ainda estimulando o voluntariado. “Decidi fazer um perfil no Instagram com o propósito de compartilhar o conhecimento que adquiri nesses quase 8 anos como voluntária e contar como é o mundo na visão de uma socorrista. Mas principalmente pela necessidade emocional de relatar casos e histórias que vivi. Me faz um bem enorme ter pessoas interessadas em minhas histórias, sejam elas alegres ou tristes”, conta a jovem de 23 anos. “É confortante e me dá forças para continuar nesse propósito de vida”, emenda Letícia, que tem seguidores espalhados por todo o Brasil.
Moradora da Morada do Vale 1, em Gravataí, ela teve em casa a insipiração em ajudar outras pessoas. “Meu tio Michel era socorrista voluntário em um antigo grupo daqui da região. Para poder atender ainda mais gente, ele e um amigo criaram o Grave, que iniciou a atuação em Glorinha e depois veio para Gravataí. Logo, comecei a participar do grupo”, conta. “Quando fiz 16 anos e terminei o Ensino Médio, fui fazer o curso técnico em enfermagem. Meu tio me incentivou a participar de cursos de APH (atendimento pré-hospitalar) e, desde então, me apaixonei por essa área. Por causa da idade, era estagiária e só podia ir nas ocorrências ao lado dele, que era o coordenador do grupo. Quando completei 18 anos, passei de estagiária para líder de equipe”.
Bem antes disso, desde a infância, Letícia já dizia em casa que queria ajudar em causas humanitárias. “Mas pensava que isso só seria possível viajando para outros países, em guerras armadas ou no combate a fome. Fui crescendo e passei a entender que muitas pessoas precisam de ajuda por aqui também”, recorda.
“Para mim, o voluntariado é uma bandeira de paz”
“Para ser voluntário é preciso deixar de lado o ego e situações financeiras e só pensar em ajudar a quem necessita. Voluntariado é apoio, nunca competição. É assim que deve ser”, define a socorrista. Ela conta que o objetivo do Grave sempre foi apoiar e atuar ao lado de instituições públicas e privadas, para minimizar os danos à saúde agilizando o deslocamento de quem precisa de socorro — atendimento que é chamado de ‘tempo-resposta’ em uma ocorrência. “Sei dessa essência do nosso grupo pois ele foi projetado e criado dentro de minha casa. O apoio sempre foi o alicerce do Grave”.
A mamãe do Isaac
As publicações no Instagram se dividem entre o voluntariado e o filho Isaac, que chegou no ano passado. A rotina também mudou, mas o trabalho segue: “Desde a gestação, por motivos de segurança, me afastei das atividades de plantão. Mas continuei em funções administrativas e de ensino no grupo”, explica Letícia, que diz estar contando os dias para voltar aos atendimentos de urgência. Nesse período de pandemia, a atuação das equipes do Grave permanece, mas seguindo os protocolos de prevenção à Covid-19.
Para aqueles que a seguem nas redes sociais, e aos leitores do Vale Notícia, a Letícia deixa a mensagem: “Viva seus sonhos! Seja ele ser socorrista, enfermeiro ou que tenha ou não qualquer relação com a área da saúde. Mas viva ele. Pense nele, respire ele. Lute para ser aquilo que veio para ser neste mundo, aquilo que faz seu coração acelerar só de pensar. E sempre que se sentir cansado, lembre das razões de ter começado. Parece clichê, mas isso garantiu e garante, ainda que em meio a tempos difíceis, que eu tenha forças para continuar de uma maneira leve e feliz”.