A cada ação da Balada Segura em Canoas, uma constatação alarmante se consolida: o número de motoristas alcoolizados. Como se não houvesse amanhã, a parceria de volante com bebida alcoólica parece não preocupar aqueles que não têm responsabilidade no trânsito. Somente em 2022, foram contabilizados 645 casos de alcoolemia, esse número ultrapassou em mais de 145% os registros do ano de 2019, que possuía o recorde de 257 casos.
Semanalmente, a Prefeitura de Canoas por meio da Diretoria de Trânsito da Secretaria Municipal de Transportes e Mobilidade, em parceria com a Guarda Municipal, Detran-RS e 15° Batalhão de Polícia Militar (BPM), realizam operações de Balada Segura, envolvendo grande participação de agentes para averiguar se os motoristas de Canoas estão dirigindo sob efeito de bebida alcoólica. “Já são 645 casos confirmados em 40 ações que, em tempo, retiraram bêbados do volante, que poderiam causar algum tipo de acidente. Por imprudência e até mesmo egoísmo, o motorista alcoolizado se deixa levar pela euforia do momento sem considerar que a sua irresponsabilidade pode causar prejuízos irreparáveis”, aponta o diretor da Unidade de Trânsito, Gilson Azevedo.
Prejuízo para todos
Conforme o estudo Custos dos Acidentes de Trânsito no Brasil, promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), no ano de 2020, a despesa média de cada acidente de trânsito nos centros urbanos e rodovias federais, para a sociedade, é de R$ 261.689,00. Em acidente que há vítima fatal, o custo médio sobe para R $664.821,00.
Para o cálculo das despesas são somados desde as perdas materiais, danos na pista ou rodovia, atendimento de emergência, profissionais de saúde, procedimentos médicos, atraso de logística por fechamento de estradas e até pagamento de previdência social (aposentadoria) para quem se torna incapaz de trabalhar em virtude do acidente, ou ainda, pensão ao cônjuge em caso de morte.
Cervejinha pode custar mais de R$ 3 mil e prisão
Na era do transporte solicitado por aplicativo e com preço popular, correr o risco de ser abordado em uma ação da Balada Segura após ter ingerido bebida alcoólica não parece ser muito racional. Conforme a graduação de álcool consumida, o motorista pode garantir uma passagem à delegacia tendo sua liberdade condicionada ao pagamento de fiança, além da retenção do veículo e mais uma multa de até três mil reais.
A alcoolemia pode ser constatada de duas maneiras: por meio de etilômetro (bafômetro) ou pela presunção de legitimidade conferida ao agente de trânsito, quando o motorista se nega a fazer o teste. No uso do bafômetro é dada a tolerância de 0,04 mg/l. Ao fazer o teste e o resultado ficar entre 0,05 a 0,34mg/l, é aplicada infração administrativa com multa de R$2.934,70 e suspensão da habitação por 12 meses. O veículo só é retirado da Balada Segura por condutor habilitado e que faz o teste no momento para retirar o automóvel.
Agora, se o bafômetro acusar mais de 0,34mg/l, o motorista pode avisar a família e ou amigos que vai ficar detido na delegacia até pagar fiança. Se não pagar, fica preso, além de receber todas as penalidades anteriores. A pessoa pode se negar a fazer o teste, nesse caso, prevalece a presunção de legitimidade conferida ao agente de trânsito, que pode aplicar a multa sob a infração de 0,05 a 0,34mg/l consumidos, conforme as normas do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). No caso de reincidência, os valores e penalidades são dobrados.
Campanha da Prefeitura deve conscientizar motoristas
O gestor destaca que um dos fatores que ajudaram a detectar mais casos de alcoolemia no trânsito foi o trabalho de fiscalização da Balada Segura. “Esse ano estudamos os pontos estratégicos e também na abordagem dos veículos. Isso deu resultado para constatarmos esses casos de motoristas alcoolizados. Porém, a nossa missão é conscientizar a todos que direção e bebidas não combinam. Não estamos fazendo as vistorias apenas para multar os infratores. A cada acidente que conseguimos evitar, economizamos em valores e preservamos vidas”, revelou.
Para o comandante do 15° Batalhão de Polícia Militar (BPM), Tenente Coronel Jorge Dirceu Filho, a eficiência no trabalho na Balada Segura ajudou na detecção dos infratores. Para ele, a volta da normalidade da vida social, com a diminuição das restrições da pandemia, tem influenciado a negligência dos motoristas. “Foram dois anos de distanciamento social, sem eventos e outras atividades sociais. Com volta da normalidade, as pessoas estão mais eufóricas e mais relaxadas em relação à segurança. Temos a previsão que as festas de final de ano serão de muita imprudência no trânsito, por isso, as ações de Balada Segura serão intensificadas”, resumiu.
