Um patrocinador do Beabah — Bibliotecas Comunitárias do RS — do qual faz parte o Ponto de Leitura Sol e Lua, coordenado em Cachoeirinha pela jornalista e produtora cultural Sônia Zanchetta, disponibilizará recursos para que as dez bibliotecas que integram o coletivo possam auxiliar famílias de usuários que estão enfrentando dificuldades em função da pandemia de coronavírus.
Este aporte permitirá à equipe do Ponto de Leitura estender por três meses uma campanha que iniciou em março e ampliar de 30 para 150 o número de famílias atendidas. “Graças ao apoio de vários parceiros, foram entregues, em uma primeira etapa, a todas elas, uma cesta básica de 40kg e, a partir de então, às segundas-feiras, leite para toda a semana e outros alimentos não perecíveis, como carne, ovos, frutas e verduras”, detalha Sônia.
Tendo em vista o grande número de desempregados e trabalhadores informais que vivem na Vila da Paz, no Jardim Vitória e no Jardim Conquista, de onde vêm a maioria dos frequentadores do Ponto de Leitura Sol e Lua e da Praça Telmo Silveira Dornelles, onde está localizado, assim que termine o confinamento, vai ser dado início, por lá, à construção de um galpão, onde serão ministradas oficinas focadas na geração de renda, entre outras.
E, para que possam ser captados recursos, por meio de projetos, para a viabilização econômica dessas atividades, está sendo criado o Instituto Cultural e Social Ágora, que deve sair do papel em breve.
Saiba mais
O Ponto de Leitura Sol e Lua é uma biblioteca comunitária localizada em espaço cedido pela Associação de Moradores dos Bairros Carlos Wilkens, Márcia e Regina, na Praça Telmo Silveira Dornelles (Rua Adil Soares, 290 — parada 47). Conta com acervo de mais de 4 mil livros, revistas e gibis, distribuídos em três espaços: Bebeteca (público infantil), JovemTeca (público juvenil) e Sala dos Adultos. O atendimento ao público ocorre das 8h às 11h e das 15h30 às 18h30, nos dias úteis; das 15h às 18h, nos sábados; e das 16h às 18h, nos domingos.
Como tudo começou
Em meados de 2013, a estudante de Pedagogia Cristiane Teixeira e a jornalista e produtora cultural Sônia Zanchetta decidiram reorganizar e reabrir a biblioteca comunitária da Associação de Moradores do Bairro Carlos Wilkens, de Cachoeirinha, que se encontrava fechada há vários anos.
Com a autorização de João Luís Noé, presidente da entidade na época, mobilizaram outras voluntárias e, durante meses, o grupo construiu e organizou um acervo novo, em substituição ao original, descartado em sua quase totalidade por se encontrar em condições precárias.
Naquele momento, a Praça Telmo da Silveira Dornelles, onde se encontra a associação, estava bastante vandalizada e havia se transformado em ponto de consumo de drogas e badernas, e isso fazia com que as famílias da vizinhança evitavam frequentá-la.
Então, o desafio do grupo de voluntários da biblioteca, desde o primeiro momento, foi o de transformar a praça em um espaço mais bonito, seguro e alegre, capaz de oferecer cultura, esporte, lazer e momentos de convivência social à comunidade daquela região da cidade.
Com o apoio de vários parceiros, que contribuíram com materiais ou trabalho, as salas da biblioteca foram pintadas, assim como sua fachada, e as pichações que a enfeavam, foram substituídas por grafites.
Além disto, foram substituídos os vidros das janelas do Ponto de Leitura, que se encontravam quebrados em sua maioria, e os banheiros da praça foram reabilitados, reabertos e receberam um bebedouro elétrico, doado por uma pessoa da comunidade. Este ano, o banheiro passou por nova reforma e foi dotado de acessibilidade.
Depois de receber a doação de móveis e equipamentos de vários parceiros, a biblioteca foi reaberta em 16 de março de 2014.
Em agosto de 2014, assumiu, como presidente da associação, Maria Teresa Menin Giza. A entidade passou a se chamar Associação dos Moradores dos Bairros Carlos Wilkens, Márcia e Regina mais recentemente.
Em outubro daquele ano, o projeto Quitanda da Leitura, desenvolvido por Sônia Zanchetta com o objetivo de promover a circulação de livros em Cachoeirinha, foi contemplado pelo concurso Mais Cultura — Pontos de Leitura, do Ministério da Cultura, por meio da Secretaria Municipal da Cultura.
Na ocasião, a proponente utilizou parte do prêmio recebido para adquirir livros, revistas e gibis de interesse para os adolescentes (biografias de roqueiros, HQs, mangás, livros de literatura fantástica, best-sellers, etc.), e os doou à biblioteca, onde foi criado um espaço especial para esse público denominado JovemTeca, além dos espaços dos adultos e das crianças, que já existiam.
E, para que a biblioteca passasse a integrar a Rede Nacional de Pontos de Leitura e Bibliotecas Comunitárias, seu nome foi mudado para Ponto de Leitura Sol e Lua. Atualmente, o Ponto de Leitura integra, também, o coletivo Beabah — Rede de Bibliotecas Comunitárias do RS.
