Duas pessoas foram presas na manhã desta quinta (3), uma delas em Canoas, suspeitas de falsificação de álcool em gel 70%. As investigações vinham sendo feitas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco – Núcleo Saúde) do Ministério Público do Rio Grande do Sul. Um dos presos foi identificado como empresário dono do laboratório e uma mulher, responsável técnica da empresa.
“Esse caso traz problemas na licitação, no superfaturamento do preço e, o mais grave, na adulteração do produto. Isso é extremamente grave, porque pessoas, empresas, prefeituras estão comprando e usando achando que estão se prevenindo dessa doença tão grave”, destacou o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do Ministério Público, Marcelo Lemos Dornelles.
Peritos constataram diversas irregularidades no álcool gel fabricado pela dupla. Uma delas é o teor de álcool etílico de apenas 53,7%, índice considerado insuficiente para combater a Covid-19. A polícia descobriu que os produtos foram revendidos durante a pandemia para farmácias, clínicas médicas, distribuidoras de medicamentos, mercados, prefeituras e até Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).
Segundo o laudo de análise do Laboratório Central do RS (Lacen), a amostra do produto continha pH correspondente a 9,3, quando o valor referência indicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é de 5 a 7.
“A elaboração de produtos à base de álcool, para serem efetivos na redução da propagação do Covid-19, precisa, é claro, obedecer a padrões de qualidade, entre os quais o percentual de álcool etílico presente na composição, sob pena de ineficácia do produto aos fins a que se destina”, pontuou o promotor de Justiça do Gaeco, Marcelo Dossena Lopes dos Santos.