A franquia Terrifier sempre foi conhecida pela sua quebra de padrões dentro da indústria dos filmes de terror. Estamos falando de produções de baixo orçamento e que são exageradamente sangrentos. No entanto, quem precisa de um terror tão elevado assim? Às vezes, tudo o que você quer é ver uma boa dose de carnificina, e é exatamente isso que Damien Leone entrega. O cineasta norte-americano pareceu adorar a ideia de que o primeiro filme causou desmaiamento e náuseas em suas exibições, então ele tenta superar sua própria brutalidade a cada nova cena de assassinato.
Alguns desses elementos realmente chamam a atenção, como os efeitos de maquiagem bem macabros e a performance física do tão subestimado David Howard Thornton. Mas Terrifier 3, disponível nos cinemas, acaba soando como uma ação lateral, no melhor dos casos, especialmente depois da melhora visível na produção do primeiro para o segundo filme da franquia. Leone está evoluindo como cineasta — o que é interessante observar durante o decorrer da franquia. O roteiro, no entanto, ainda deixa a desejar, misturando conceitos criativos com uma mitologia rasa, diálogos simplistas e algumas cenas que servem para contornar a história enquanto o ápice da narrativa demora para acontecer.
O que torna tudo mais imprevisível em Terrifier 3 foi ambientar a narrativa em uma história natalina. Isso deu a Leone a chance de brincar com toda a iconografia natalina, colocando o palhaço Art (Thornton) vestido de Papel Noel enquanto espalha seu caos de carnificina. É uma jogada arriscada, mas esperta, ainda mais quando as subversões das imagens religiosas são algo que um roteirista mais afiado poderia explorar para um impacto ainda maior. Mesmo na superfície, isso resulta em alguns visuais impressionantes — um Papai Noel utilizando uma motosserra e óculos escuros, todo maquiado com uma máscara de palhaço. É difícil não ficar preso a essa imagem.
O terceiro capítulo da série cinematográfica começa após o final do filme anterior, quando Victoria (Samantha Scaffidi) dá à luz a cabeça decepada de Art. É questionável a escolha do diretor em mergulhar no surreal e no sobrenatural, entendendo que esse tipo de coisa funciona melhor como um pesadelo do que um filme em que todos os pontos da trama precisam se conectar. Precisamos entender como Art tem sua cabeça recolocada em seu corpo? A resposta é não. A coisa simplesmente acontece.
Art e Victoria se empoleiram em uma casa abandonada enquanto a sobrevivente Sienna (Lauren LaVera) tenta enfrentar o trauma do último longa. Ela acaba de sair de um hospital psiquiátrico e volta para viver com sua tia Jessica (Margaret Ann Florence), seu marido Greg (Bryce Johnson) e a filha Gabbie (Antonella Rose). Gabbie está ali só para ser o alvo fácil de perigo — ou, talvez, só para ser mais um obstáculo no caminho do palhaço assassino.
O irmão de Sienna, Jonathan (Elliot Fulham), está na faculdade, lidando com seu próprio Transtorno de Estresse Pós-Traumático, mas isso também é apenas uma desculpa para vítimas de esfolamento. Dizer que a trama em Terrifier 3 é tênue seria um eufemismo, e ainda assim há muito dela. Cena após cena de Sienna falando sobre seu trauma se desenrola de uma forma que eu sinto que é quase projetada para deixar você desesperado para assistir a outro ato de crueldade de Art, apenas para aliviar o tédio.
Muita coisa já foi falada sobre as cenas de morte em Terrifier 3 e como elas tentam forçar descaradamente os limites mais do que os dois primeiros filmes controversos. Imagine que você tenha pouco dinheiro para produzir um filme B, onde você acrescenta um assassino em potencial vestido de palhaço mudo e sai fazendo vítimas na cidade, e ainda assim consegue fazer grandes números de bilheteria. Não é surpesa que Leone chegou até aqui com um terceiro ato. As portas do terror estão escancaradas neste ano. Segure-se e limpe-se do sangue que você assistirá diante da tela.
Terrifier 3 está em cartaz no Arcoplex Cinemas do Shopping do Vale.