Prefeito lamenta falta de agilidade burocrática do governo do Estado que resultou na desistência do Mercado Livre em instalar centro de distribuição em Gravataí

Para Marco Alba, governo gaúcho limitou-se a repetir a cartilha e reproduzir a interpretação de São Paulo ao não acolher os argumentos da empresa e se recusar a modernizar sua legislação tributária

Divulgação/Mercado Livre

*Por Marco Alba, prefeito de Gravataí

Foi com tristeza que recebi, na noite desta quarta-feira, 17, um telefonema cordial e atencioso, mas cujo conteúdo foi muito amargo para Gravataí. De Brasília, o executivo da empresa Mercado Livre me ligou para comunicar que Gravataí perdera, definitivamente, em virtude da falta de apoio do governo do Estado, o empreendimento anunciado há quase um ano.

Em julho de 2019, a empresa esteve em meu gabinete e apresentou seu plano de investimentos para a instalação em Gravataí de um Centro de distribuição com metodologia e tecnologia de negócios inovadores para o Rio Grande do Sul e Brasil.

De pronto, como tem sido a nossa prática sempre que recebemos novos empreendimentos, a Administração Municipal debruçou-se sobre o projeto e, em tempo recorde, aprovou uma série de incentivos pleiteados, que permitiriam a implantação do negócio e a geração de cerca de dois mil empregos no município e região. Afinal, gerar emprego e renda é, de fato, prioridade em nosso governo.

No mês de fevereiro deste ano, na véspera do dia em que seria entregue o alvará para a empresa, veio a notícia de que, em virtude da dificuldade de organizar a matéria tributária do Estado, a Mercado Livre estava suspendendo a consolidação do negócio, à espera de que fosse possível sensibilizar o governo gaúcho para as necessárias modernizações de legislação tributária. À época, considerava-se que tal solução seria possível e rápida, já que a geração de empregos e renda era – como deve ser – bandeira política do governador.

Mas, infelizmente, não foi o que aconteceu. A informação – confirmada na tarde desta sexta-feira, 19, pela imprensa catarinense – é de que os milhões de reais de investimento da Mercado Livre e os milhares de empregos serão gerados em Santa Catarina, cujo governo foi ágil e pouco burocrático para analisar e atender ao pleito, de maneira a garantir a operação naquele Estado.

Ou seja, entre o discurso e a prática existe mesmo um abismo. E este abismo só se transpõe com foco e inovação, o que não se viu no Governo do RS no episódio da Mercado Livre. Enquanto Gravataí fez sua parte, como está fazendo em outros três investimentos vultosos já anunciados para o município – logísticas GLP, Montabil e LOG – o governo gaúcho limitou-se a repetir a cartilha e reproduzir a interpretação de São Paulo (coincidência?), ao não acolher os argumentos da empresa e se recusar a modernizar sua legislação tributária.

Nem se tratava de renunciar a impostos, mas de mudar o momento da tributação. Entretanto, a Secretaria de Estado da Fazenda não alcançou a importância do empreendimento e o expeliu para Santa Catarina. Nossos vizinhos acima do Rio Mampituba agradecem, pois sua população terá empregos e o Estado, mais riqueza, enquanto aqui, no Rio Grande, seguimos com belos discursos, mas poucas práticas. Parole, parole, parole.