Os impactos da pandemia no comércio de Gravataí

Lojistas tiveram que se adaptar à nova realidade e se reinventar diante da mudança de comportamento do consumidor

Foto: Sindilojas Gravataí

Desde o início da crise do coronavírus, as pequenas e médias empresas já têm sentido o impacto na rotina de negócios, provocando desemprego, redução de faturamento, queda na demanda, além do atual cenário político e econômico. A maioria dos empresários de diferentes segmentos sofreram o impacto de forma significativa. Infelizmente, parte dos comerciantes tiveram que fechar as portas dos seus estabelecimentos.

Estabelecimentos comerciais mudaram o funcionamento e precisaram se adaptar para manter a saúde financeira. Com base em análises das principais práticas de empresas, a recomendação é a adoção de estratégias para lidar com incertezas futuras.

Para o diretor e proprietário da ótica Mega Visão, Roberto Buzato, este é um segmento que pouco foi impactado, já que é uma área que cuida especialmente da saúde da visão. “Além das medidas operacionais e de higienização adotadas, tivemos pouco impacto. Somente em maio tivemos um crescimento de 18% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Percebi uma mudança de comportamento do consumidor. O cliente está mais focado na saúde ocular, mais objetivo”, salientou.

“Tivemos um início difícil. No entanto, o mês de maio foi ótimo. Um consumidor mais decidido”, destacou o empresário Lauri Bieger, da Markat Móveis. A avaliação, segundo ele, se deve à adaptação da empresa conforme a realidade do cliente, além de utilizar bastante a comunicação digital que é tendência no atual cenário.

A associada Rita de Cássia Lemos da Farmácia Jobim afirma que sofre o impacto de forma significativa com o fechamento do comércio em virtude da redução do fluxo de pessoas nas ruas, além do aumento do desemprego. “Nossa receita reduziu mais de 60% neste período. Negociamos um pequeno desconto no aluguel, mas temos outros custos também. Fomos bastante afetados, mesmo mantendo a farmácia aberta”, revelou.

Para o proprietário da loja de roupas Choque, Cezar Bonotto, a única certeza é que o normal não vai voltar. “Percebemos um cliente muito mais retraído para compras em lojas com roupas diferenciadas. O movimento maior é nas lojas populares. A minha expectativa é que a partir de setembro a economia deve retomar e melhorar de forma gradual”, argumentou.

Diante do cenário incerto e da mudança de comportamento dos consumidores, empreendedores devem rever seus planejamentos e ficar atentos à saúde financeira da empresa. Rever o fluxo de caixa e negociar eventuais dívidas com antecedência são algumas das recomendações.

Em tempos de crise, apenas aquele s que se adaptam melhor aos cenários incertos sobrevivem. Existe pela frente o desafio de superar a pandemia, a crise econômica e lidar com a instabilidade política. A crise sanitária chegou em um momento delicado. A economia vinha dando sinais de fraqueza, e a doença se somou à incerteza política. A pandemia também escancarou a elevada desigualdade social no país e abriu um debate sobre o papel do Estado na economia e na condução das políticas sociais.

Na empresa do ramo automotivo e industrial, a Tongrax Lubrificantes também enfrentou o impacto da crise. Segundo o empresário Everton Julião, foram necessárias algumas mudanças como a redução de pessoal, adiantamento de férias, trabalho em home office por colaboradores de risco, além de intensificar as vendas virtuais. “Nenhum de nós passamos por uma crise desta. Se não tivesse as redes sociais, não sei o que seria. A ferramenta facilitou muito para que outras pessoas não fechassem as portas. Não voltaremos mais ao normal. O normal foi até o dia 16 de março”, afirmou.