Mãe e socorrista, Letícia Ruiz promove o voluntariado para milhares de seguidores nas redes sociais

Jovem da Morada do Vale, em Gravataí, compartilha sua rotina de socorrista voluntária com mais de 16 mil pessoas em um diário virtual

Rotina como socorrista voluntária do grupo Grave, de Gravataí, é compartilhada pela mamãe do Isaac com mais de 16 mil seguidores no Instagram — Foto: Caroline Tedesco

“Ser voluntária sempre esteve em meu coração”. Assim, Letícia Ruiz resume a paixão por sua atuação no Grupo de Resgate e Apoio Voluntário de Emergência, o Grave, de Gravataí. Enfermeira e mamãe do Isaac, de 6 mesinhos, ela compartilha o amor em ajudar o próximo em um ‘diário’ no Instagram, onde tem mais de 16 mil seguidores.

E mais do que isso: ela usa a ferramenta virtual também para ajudar os outros, com dicas de saúde, segurança e ainda estimulando o voluntariado. “Decidi fazer um perfil no Instagram com o propósito de compartilhar o conhecimento que adquiri nesses quase 8 anos como voluntária e contar como é o mundo na visão de uma socorrista. Mas principalmente pela necessidade emocional de relatar casos e histórias que vivi. Me faz um bem enorme ter pessoas interessadas em minhas histórias, sejam elas alegres ou tristes”, conta a jovem de 23 anos. “É confortante e me dá forças para continuar nesse propósito de vida”, emenda Letícia, que tem seguidores espalhados por todo o Brasil.

Moradora da Morada do Vale 1, em Gravataí, ela teve em casa a insipiração em ajudar outras pessoas. “Meu tio Michel era socorrista voluntário em um antigo grupo daqui da região. Para poder atender ainda mais gente, ele e um amigo criaram o Grave, que iniciou a atuação em Glorinha e depois veio para Gravataí. Logo, comecei a participar do grupo”, conta. “Quando fiz 16 anos e terminei o Ensino Médio, fui fazer o curso técnico em enfermagem. Meu tio me incentivou a participar de cursos de APH (atendimento pré-hospitalar) e, desde então, me apaixonei por essa área. Por causa da idade, era estagiária e só podia ir nas ocorrências ao lado dele, que era o coordenador do grupo. Quando completei 18 anos, passei de estagiária para líder de equipe”.

Grupo de socorristas voluntários do Grave, de Gravataí, foi criado dentro da casa de Letícia; uma verdadeira família — Foto: Arquivo pessoal

Bem antes disso, desde a infância, Letícia já dizia em casa que queria ajudar em causas humanitárias. “Mas pensava que isso só seria possível viajando para outros países, em guerras armadas ou no combate a fome. Fui crescendo e passei a entender que muitas pessoas precisam de ajuda por aqui também”, recorda.

“Para mim, o voluntariado é uma bandeira de paz”

“Para ser voluntário é preciso deixar de lado o ego e situações financeiras e só pensar em ajudar a quem necessita. Voluntariado é apoio, nunca competição. É assim que deve ser”, define a socorrista. Ela conta que o objetivo do Grave sempre foi apoiar e atuar ao lado de instituições públicas e privadas, para minimizar os danos à saúde agilizando o deslocamento de quem precisa de socorro — atendimento que é chamado de ‘tempo-resposta’ em uma ocorrência. “Sei dessa essência do nosso grupo pois ele foi projetado e criado dentro de minha casa. O apoio sempre foi o alicerce do Grave”.

A mamãe do Isaac

Letícia Ruiz, enfermeira e mamãe do Isaac: “Os dois títulos que ganhei em 2019 e que são os mais importantes da minha vida” — Foto: Arquivo pessoal

As publicações no Instagram se dividem entre o voluntariado e o filho Isaac, que chegou no ano passado. A rotina também mudou, mas o trabalho segue: “Desde a gestação, por motivos de segurança, me afastei das atividades de plantão. Mas continuei em funções administrativas e de ensino no grupo”, explica Letícia, que diz estar contando os dias para voltar aos atendimentos de urgência. Nesse período de pandemia, a atuação das equipes do Grave permanece, mas seguindo os protocolos de prevenção à Covid-19.

Para aqueles que a seguem nas redes sociais, e aos leitores do Vale Notícia, a Letícia deixa a mensagem: “Viva seus sonhos! Seja ele ser socorrista, enfermeiro ou que tenha ou não qualquer relação com a área da saúde. Mas viva ele. Pense nele, respire ele. Lute para ser aquilo que veio para ser neste mundo, aquilo que faz seu coração acelerar só de pensar. E sempre que se sentir cansado, lembre das razões de ter começado. Parece clichê, mas isso garantiu e garante, ainda que em meio a tempos difíceis, que eu tenha forças para continuar de uma maneira leve e feliz”.