Hortas comunitárias alimentam e geram renda em Canoas

Fotos: Guilherme Pereira/PMC

A história é muito parecida nas oito hortas comunitárias de Canoas. Todas são oriundas da mobilização de moradores que querem produzir alimentos aproveitando terrenos públicos não ocupados. São regiões carentes que demonstram organização social em prol da solidariedade. Cada horta tem seu registro e diretoria, mas é com o trabalho associativo voluntário de mais de 200 pessoas que os canteiros surgem e os vegetais crescem, sendo doados a famílias carentes ou vendidos em feiras locais.

Quem mora nos bairros Niterói, Guajuviras, Mathias Velho, Harmonia, Estância Velha e Marechal Rondon pode usufruir da horta comunitária da sua localidade. São espaços que recebem assistência da Diretoria de Economia Popular Solidária, da Secretaria Municipal Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação (Smdeti), com a assessoria da Emater-RS. A ajuda é para melhorar a produção e a qualidade dos produtos, entre outros.

Para o secretário adjunto da Smdeti, Daurinei Alt, a organização das hortas comunitárias é exemplo de cidadania e de mobilização social das comunidades e, ao ocupar uma área pública, essa comunidade cuida e faz bom uso do espaço. “Esses terrenos são cedidos por tempo determinado e podem ter seus contratos renovados, sem custos, pois as hortas são espaços de grande importância para os bairros. Além da produção de alimentos, os moradores acabam revitalizando esses espaços públicos, que na maioria eram pontos de descartes variados”, disse Alt.

Para potencializar a atenção com as hortas comunitárias, o escritório da Emater-RS em Canoas, realiza uma série de ações de assistência. A engenheira agrônoma Caroline de Lima acompanha de perto cada um dos casos. “Periodicamente, realizamos cursos de formação para produção de canteiros, também ajudamos na análise e correção de solo e ainda, com a distribuição de mudas e sementes”, explicou.

Da terra para a mesa

Com 37 anos de fundação, a Horta Comunitária União dos Operários (Hocouno) é uma das mais antigas do Estado. Hoje, a entidade também cultiva cidadania. Com sua longa trajetória, a Hocouno adquiriu o espaço físico para realização de formação educacional e profissional. Segundo a diretora Lucy Lopes de Oliveira, os moradores da Vila União dos Operários, são imbuídos em construir ações coletivas para  a comunidade. “São quase 40 anos da nossa horta, um trabalho sério e comprometido, por décadas. Hoje, colhemos muitas conquistas”, revelou a diretora.

Atualmente, a Hocouno possui 32 associados que lidam diariamente na terra. A produção e cultivo é de responsabilidade pessoal ou em grupo. Assim, quem planta pode colher para si, como pontuou Lucy. “Quem é sócio fica responsável pelo seu canteiro e planta o que quiser nele. Nos cultivos em grupo, o plantio é decidido coletivamente e a produção excedente vai para doação ou para feiras orgânicas”, explicou.

Já na Associação da Horta Comunitária Santa Isabel, no bairro Mathias Velho, a história é mais recente. No ano de 2015, moradores de organizaram e pediram ao município a cedência de um terreno de 2.500 m² que estava tomado de mato e entulhos diversos. Com a limpeza da área, começou o plantio e o envolvimento dos vizinhos. O presidente, Arolino Gama, conta que a associação recebe doações, principalmente de material orgânico para produção de fertilizante por meio de composteiras.

Engenheira Caroline e Lucy na Hocouno

São 15 associados que plantam com frequência e cada um cuida dos seus canteiros. Ele salienta que no local não há uma estrutura como galpão para armazenar ferramentas ou para manufaturar os vegetais colhidos. “A maioria de quem planta aqui é porque é aposentado, possui renda e tem tempo de se dedicar. Cada um traz e cuida das suas ferramentas, pois não temos onde guardá-las, mesmo assim a produção é grande. Temos aqui mais de 190 canteiros com 10 metros de comprimento por um metro de largura”, resumiu.

A associação realiza nas manhãs de sábado feira com seus produtos orgânicos, na rua Clovis Bevilaqua n° 1771.