Histórias de superação e solidariedade: conheça as artesãs da Feira do Dias das Mães, em Canoas

Fotos: Thiago Guimarães/PMC

Em datas especiais, como Dia das Mães, Dia dos Pais e Natal, já é tradição na cidade ocorrer as feiras do Fórum Canoense de Economia Solidária, junto ao Calçadão, no Centro. Os eventos reúnem peças de artesanatos, plantas e alimentos naturais, preparados com dedicação e carinho por mulheres que encontraram na economia solidária a dignidade por meio do trabalho, garantindo renda para o sustento de suas famílias.

“Cada peça produzida é única, podem haver parecidas, mas não iguais”, revela a coordenadora do Fórum Canoense da Economia Solidária, Sandra Pires. O Fórum é o nome da organização que acolhe parte dos artesãos da cidade, desde 1998. “É a entidade que representa essas trabalhadoras na relação com a Prefeitura, por exemplo”, explica Sandra.

A coordenadora explica que cada participante é única, com sua história de vida. “Cada uma de nós é como uma peça que produzimos, não há iguais, cada uma traz sua personalidade, seu talento, e é o nosso coletivo que faz as nossas feiras e eventos. Estamos juntas e cada uma ajudando a outra. Por isso eu digo, não vendemos apenas peças de artesanatos, vendemos um pouco de nós, do nosso melhor de carinho e atenção”, revela.

Acolhimento

Foi assim que, há 26 anos, a artesã Adriana Aguiar, do bairro Niterói, estava com sua filha de apenas seis meses sofrendo de febre reumática. Ela não podia trabalhar para cuidar da filha e estava sem renda. “Nessa época, vi uma feira aqui no Centro. Eu costurava e perguntei se poderia participar daquele grupo que estava expondo. Fui acolhida e em seguida fundamos o Fórum. Hoje, minha filha é uma mulher, está bem e formada em Administração”, relembra.

Ao se aposentar, há seis anos, Zenilda da Silva Vivian gostava de viajar, mas sabia que o salário que iria receber não seria mais suficiente. “Um dia rezei e pedi que Deus me mostrasse um caminho para eu fazer mais renda. Eu fazia móbile, por lazer, uma amiga viu meu trabalho, gostou e me indicou o Fórum. Eu entrei e consegui ganhar mais dinheiro que precisava”, recorda. Porém, há três anos, ela foi diagnosticada com câncer de mama e, desde então, faz tratamento e procedimentos médicos contra a doença. “O que me motiva a viver e me dá forças é o artesanato. Eu moro sozinha, quando trabalho esqueço da vida, é a minha terapia. E aqui na feira, todas as colegas me ajudam quando preciso fazer um movimento mais severo. Somos uma família”, conta.

Descoberta da vocação

Foi na Feira dos Dias Mães de 2021, que a carioca Solange Gomes, que recém havia se mudado do Rio de Janeiro para Canoas, descobriu sua nova vocação. “Eu estava aprendendo a fazer crochê e tinha dificuldade em executar alguns pontos. Quando vim na Feira, vi uma das participantes executando os movimentos com muita facilidade. Perguntei se ela poderia me ensinar e fomos além. Gostei tanto que aprendi aqueles pontos e entrei para o Fórum. Estou muito feliz aqui. No Rio de Janeiro não tem esse estímulo que a Prefeitura de Canoas dá para a economia solidária. Aqui é o paraíso. Não volto mais para lá”, afirma.

Serviço

A Feira do Dias das Mães de Canoas, organizada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação (Smdeti), segue até este sábado (13), na rua Tiradentes, entre a rua 15 de Janeiro e a avenida Getúlio Vargas, no Centro. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, e no sábado, das 9h às 18h.