Dia Nacional da Alfabetização: os desafios no cenário pós-pandemia

Em Canoas, o tema é tratado com muita atenção e buscas constantes por soluções para melhorar o índice de ensino

Rede de ensino canoense conta com 157 professores distribuídos em 44 escolas — Foto: Andressa Bittencourt/Divulgação

É na alfabetização que os olhos se abrem para o mundo e os questionamentos começam a surgir. E, sabendo da importância do tema, no dia 14 de novembro de 1966, o Governo Federal instituiu o Dia Nacional da Alfabetização.  O objetivo, desde então, é conscientizar a sociedade sobre a dimensão de oferecer conhecimento para todos. A alfabetização também é um direito básico assegurado pela Constituição Federal, pois é nela que se inicia o desenvolvimento individual do ser humano e também da sociedade como um todo.

Em Canoas, o tema é tratado com muita atenção e buscas constantes por soluções para melhorar o índice de ensino no cenário pós-pandemia. A aproximação afetiva é um dos pilares mais importantes no processo de alfabetização, pois ao sentir-se acolhida, a criança se sente mais segura e abandona o medo da correção pelo erro, e assim, inicia o vínculo que serve como base para um aprendizado com mais tranquilidade e receptividade.

Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ícaro, no Bairro Fátima, o Pacto pela Alfabetização faz parte do dia a dia dos pequenos. O programa tem como objetivo alfabetizar os alunos da rede até o final do ano de 2023 e recuperar as perdas de aprendizagem causadas pelo afastamento das crianças na pandemia.

Para a secretária de Educação, Beth Colombo, o investimento no Pacto pela Alfabetização abre portas para a independência daqueles que serão os cidadãos do futuro. “Acreditamos que alfabetizar é abrir páginas para a vida, dar luz e empoderamento. Os nossos programas tem como norte inserir o aluno em um caminho de segurança, conhecimento e autonomia”.

E, quando se trata de acolhimento, a família também exerce um papel fundamental para a alfabetização florescer. A professora Adriana Marchi é alfabetizadora desde 2019 e leciona na EMEF Ícaro nos turnos da manhã e tarde. Conforme Adriana, dos 25 alunos de uma das suas turmas de 1° ano, 21 estão alfabetizados. A docente destaca que além de todos os recursos disponibilizados em sala de aula, o Pacto é mais um suporte que auxilia no processo da alfabetização e explica como funcionam as etapas do ensino.  “No início do ano, eu faço uma sondagem para verificar o nível que os alunos estão e a partir disso, traço um plano de trabalho. É importante salientar que no decorrer do ano sempre são realizadas atividades e avaliações para verificar o nível que os alunos se encontram e assim, realizar os ajustes necessários para atingir as habilidades e competências planejadas. Muitas das ideias ou experiências de sala de aula são trocadas entre nós, professores, nas reuniões e seminários do programa”.

Para alfabetizar, é necessário desenvolver as habilidades de cada aluno e para isso, são usadas estratégias específicas e testagem de métodos durante o processo. “Vários métodos são utilizados para que o aluno atinja as habilidades de leitura e escrita, dentre eles: método fônico, método silábico e o método global”, explica a docente.

A mágica da alfabetização nem sempre acontece no mesmo ano, pois cada aluno tem o seu tempo de aprendizagem. Muitas vezes, a alfabetização  é concluída somente no ano seguinte, quando os alunos estão no segundo ano. A professora relata uma das experiências mais marcantes de sua trajetória como alfabetizadora. “Em um dos momentos de trocas pedagógicas, com uma amiga que também é professora, tive a alegria de ler a produção de uma aluna, que no ano anterior estava no nível silábico da escrita e este ano concluiu o processo. Nós lemos o texto e nos emocionamos por lembrar de toda a caminhada e esforço daquela aluna”.

Alfabetização como emancipação

É na alfabetização que se inicia a emancipação da criança e o seu desenvolvimento intelectual. A docente cita o escritor Paulo Freire ao explicar o mundo novo, com formas e letras, que cada criança descobre ao aprender a ler. “A alfabetização é mais do que ler e escrever. É a habilidade de ler o mundo”.

Desde a criação do Pacto pela Alfabetização são realizados inúmeros eventos e formações para os professores da rede de ensino canoense. A cada 15 dias, é realizada reunião de planejamento entre os professores da pré-escola e de 1°e 2° anos e os coordenadores do Pacto. Além disso, são realizados Seminários de Práticas de Alfabetização com os professores de 1º e 2º anos, Seminário de Práticas da Pré-escola com os professores das EMEIs e reuniões semestrais com os Supervisores das EMEFs direcionadas a frequência escolar e ritmo dos materiais do Pacto pela Alfabetização.

Atualmente, Canoas conta com 44 escolas e 157 alfabetizadores. E, neste dia, a Prefeitura de Canoas parabeniza cada um dos profissionais que trabalham para construir uma educação com mais amor, possibilidades e transformação.