Detentos da Penitenciária de Canoas ensinam quilombolas e venezuelanos a produzir pães, doces e salgados

O Vale Notícia foi conhecer mais uma iniciativa que faz da Pecan referência em ressocialização

Fotos: Kethleen Fontoura/Vale Notícia

A ressocialização na Penitenciária de Canoas (Pecan) é referência para outros presídios: 83% dos que cumprem sua pena lá, não voltam mais ao mundo do crime. E mais do que uma segunda chance para eles mesmos, agora os detentos podem dar uma nova oportunidade de vida para quem, do lado de fora das grades, também precisa. Quilombolas e migrantes venezuelanos estão participando de um curso de panificação e confeitaria ministrado por presos que aprenderam o ofício lá mesmo dentro da Pecan.

Conforme explica o secretário de Governança de Canoas, Paulo Bogado, o Quilombo Chácara das Rosas ganhou equipamentos de panificação, mas faltava a formação aos quilombolas para utilizá-los e garantir a renda para as cerca de 20 famílias. Somaram-se à eles, migrantes venezuelanos que buscam aqui uma nova vida. “Com parceria com a Pecan e o Banco de Alimentos, surgiu essa iniciativa inédita para que os detentos ministrassem o curso aqui mesmo dentro do presídio”. A secretária adjunta de Igualdade Racial e Imigrantes, Ednea Paim, destaca que a iniciativa proporcionará a inserção dessas famílias em situação de vulnerabilidade no mercado do trabalho, por meio dessa nova oportunidade de renda. (continua abaixo)

Os professores da turma, que iniciou atividades nesta quinta (20/10), são E.F.C, preso há 7 anos, e L.R., preso há três. Ambos concluem sua pena até o final deste ano, e já têm planos para seguir com o ofício que aprenderam — e agora ensinam — fora da Pecan. “Eu já era padeiro antes de ser preso, mas aqui dentro pude me aperfeiçoar. Uma experiência que me ajudou muito aqui dentro e sei que me ajudará lá fora”, projeta L.R. Já E.F.C diz que, mesmo que não consiga um emprego formal, irá apostar na produção de pães, doces e salgados. “Nem que tenha que vender de porta em porta”, sorri,

Referência na ressocialização de presos, a Pecan conta com 1.200 detentos que têm trabalho remunerado dentro do presídio. Muitos trabalham para empresas privadas que contratam a mão de obra lá de dentro da Pecan, seja na confecção de uniformes, construção de móveis, marcenaria, entre outros.