Comunidade LGBTQIA+ é incluída na rede de enfrentamento à violência contra a mulher

A Roda de Conversa “Maria Vêm com as Outras” integrou a campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas em Canoas

O atendimento a mulheres e homens transexuais, lésbicas e bissexuais marcou o último dia da campanha internacional 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas em Canoas.

Um grupo representativo da comunidade LGBTQIA+ do município participou, nessa segunda-feira (12), da Roda de Conversa “Maria Vêm com as Outras”, promovida pela Secretaria Municipal Adjunta de Mulheres e o Centro de Referência da Mulher em Situação de Violência Patrícia Esber (CRM).

Com o objetivo de apresentar a rede de proteção e debater estratégias conjuntas de enfrentamento, também participaram servidores do Ambulatório T (Trans) do município, que oferece tratamento hormonal através da rede pública de saúde, e da Secretaria de Diversidades e Comunidades Tradicionais.

Também esteve presente a Polícia Civil, representada pela inspetora Evelin Adalgo, do Cartório da Diversidade, localizado na 4ª DP e especializado para vítimas de homofobia, racismo e intolerância.

Subnotificação

De acordo com a inspetora, a subnotificação de casos de agressão ao público LGBTQIA+ ainda é alta em Canoas. Os dados mostram apenas 112 casos registrados no período de 2021 a 2022 por injúria discriminatória, e somente 28 por transfobia e homofobia.

“Significa que as pessoas ainda não se sentem seguras para fazer a denúncia”, alertou a policial, orientando também sobre a necessidade de provas, podendo ser uma testemunha, um vídeo ou uma foto, para o devido andamento do inquérito.

Conforme destacou a secretária de Mulheres, Rosa Marcella, o Centro de Referência e a Secretaria fornecem, além da assistência social, psicológica e jurídica, todo o amparo para a realização da denúncia.

“Nós temos meios para levar a vítima à delegacia ou no cartório e dar suporte no momento da denúncia; também oferecemos abrigo por até seis meses, ou seja, há local para onde ir e romper o ciclo de violência, elas não estão sozinhas”, disse.

A secretária também ressaltou o atendimento 24 horas do Disque-Mulher (99275-8146) e a realização do serviço de busca ativa nas unidades de saúde de mulheres agredidas para receberem amparo.

Políticas públicas

No encontro, as mulheres puderam expressar suas preocupações, propor medidas e soluções, contar histórias sobre preconceitos e agressões vivenciadas, conhecer a rede de serviços de forma integrada e aproximar-se do poder público.

Segundo a coordenadora do CRM, Cíntia Nascimento, as políticas públicas são sempre construídas de forma conjunta, a partir da escuta das necessidades das comunidades e da produção de dados. “É preciso mudar esse cenário e, por isso, as notificações e estatísticas são fundamentais para o enfrentamento da violência doméstica e a redução de mortes”.

Conheça a rede de serviços de proteção à mulher vítima de violência em Canoas em https://www.canoas.rs.gov.br/violenciacontramulher/.

16 Dias de Ativismo

A campanha 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres é promovida anualmente pela ONUMulher para mobilizar indivíduos e organizações em todo o mundo para o engajamento na prevenção e eliminação da violência contra as mulheres e meninas.

Em Canoas, o propósito é conscientizar a população sobre os diferentes tipos de agressões e propor soluções para seu enfrentamento. A Secretaria Municipal Adjunta de Mulheres abriu a campanha no último dia 25, com programação até 12 de dezembro.