CICS mobilizada ao lado da Federasul contra o corte de benefícios fiscais proposto por Eduardo Leite

Ao Vale Notícia, o presidente da Federasul Rodrigo Costa afirma que “não houve diálogo verdadeiro, permeável, mas sim uma tentativa de impor um aumento de impostos a toda sociedade gaúcha”. Em Canoas, presidente da CICS, Shirley Panizzi, é taxativa: “Não há mais espaço para nossa omissão. Já pagamos um preço alto demais enquanto sociedade por terceirizar a responsabilidade por nosso futuro”. CONFIRA AS ENTREVISTAS!

Mesmo com a prorrogação da entrada em vigor dos decretos do Governo do Estado que cortam benefícios fiscais e impactariam em aumento de produtos da cesta básica, a Federasul e entidades empresariais municipais seguem mobilizadas para que a pauta seja retirada de maneira definitiva, ou, ao menos, para que se chegue em uma alternativa não tão prejudicial a população e os produtores. Uma grande mobilização está marcada para esta segunda-feira, 1º de abril, às 15 horas, em frente ao Palácio Piratini.

Em nota, o governo do Estado defende que “sempre esteve em diálogo permanente com a sociedade gaúcha sobre a necessidade de recomposição das receitas estaduais. Comprometido com este espírito e sensível ao consenso formado entre 26 entidades empresariais, associações e sindicatos do Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite decidiu adiar por 30 dias o início da vigência dos decretos que revisam benefícios fiscais, previstos para entrar em vigor no dia 1º de abril. Neste período, o governo do Estado dará os encaminhamentos na direção proposta pelo documento recebido, visando a construção de uma alternativa para a recomposição das receitas estaduais.” [CONTINUA ABAIXO]

A afirmação de que houve esse diálogo permanente, no entanto, é rebatida pelas entidades. Em entrevista ao Vale Notícia, o presidente da Federasul, Rodrigo Costa, afirma: “Não houve diálogo verdadeiro, permeável, mas sim uma tentativa de impor um aumento de impostos a toda sociedade gaúcha através da ameaça de decretos que extinguiam setores econômicos, acabavam com empregos e retiravam renda das famílias gaúchas que estão hoje endividadas, aumentando o preço da comida”.

A representatividade de Canoas está garantida na mobilização contra os decretos do governo gaúcho. Principal entidade empresarial da cidade, a CICS estará presente na mobilização, como sempre tem se posicionado: ao lado da comunidade e do setor produtivo. Veja, abaixo, entrevista com a presidente da entidade,  advogada Shirley Dilecta Panizzi.

VALE NOTÍCIA: O veto dos decretos do governador na Assembleia pode ser considerado uma vitória por parte do empresariado? Como a CICS vê a proposta de aumentar o ICMS de 17% para 19%, em troca de retirar os decretos que tiravam os benefícios fiscais de produtos que incluem itens da cesta básica?

Shirley Dilecta Panizzi, presidente da CICS: Podemos considerar uma vitória não somente do setor produtivo, mas também de toda a sociedade gaúcha. Independentemente do debate jurídico sobre a admissibilidade ou não dos decretos (que é legitimo), o veto aos decretos legislativos foi politicamente importante. Surpreendeu o governo com o enorme descontentamento de sua própria base que vem sofrendo desgaste de imagem sem estar participando das decisões, tendo que defender o indefensável.
A sociedade e especialmente o setor produtivo estão exaustos, não aguentam mais manobras para majorar a carga tributária.
A CICS Canoas tem se posicionado, há muito tempo, contra as reiteradas tentativas de aumento de impostos pelo Governador Eduardo Leite, recentemente através de decretos que oneram a cesta básica e excluem isenções de alimentos.
Aliás, não se pode esquecer a contumaz tentativa do Governador de tornar a carga tributária ainda mais pesada, inclusive durante o pior momento da pandemia, o que demonstra total falta de empatia, sensibilidade, diálogo.

VALE NOTÍCIA: A mobilização, com participação da CICS, não apenas defende o empresariado, mas também o consumidor final, que é quem mais sentirá o impacto no bolso. Como será essa grande mobilização marcada para o dia 1º? O que podemos esperar da CICS?

Shirley Dilecta Panizzi: Esta manifestação democrática e pacífica, coordenada pela Federasul e apoiada pela CICS Canoas, visa apoiar os corajosos Deputados Estaduais que estão agindo com grande firmeza e maturidade às sucessivas investidas e tentativas de aumento de impostos por parte do executivo estadual.
Não há mais espaço para nossa omissão. Já pagamos um preço alto demais enquanto sociedade por terceirizar a responsabilidade por nosso futuro.
Por isso, estaremos em frente ao Palacio Piratini dia 1/4, 15h, para dizermos em alto e bom som que um político gaúcho que se elegeu prometendo que não aumentaria impostos vai ter que cumprir sua palavra!
Aproveitamos para conclamar todos os gaúchos a se juntarem às Entidades, à CICS Canoas, nesta grande mobilização em prol da sociedade gaúcha, contra o aumento de impostos!

VALE NOTÍCIA: Como aumentar a receita do Estado sem comprometer empregos e o bolso da população?

Shirley Dilecta Panizzi: O aumento da arrecadação deve decorrer do crescimento econômico. Além disso, é inafastável o controle das despesas. Aliar estes dois fatores permitirá a possibilidade de equilíbrio para as contas públicas.

Toda arrecadação é fruto do trabalho, da produção, da geração de riquezas de trabalhadores e empresários. A arrecadação aumenta quando melhoramos o ambiente de negócios para trabalhar, produzir e investir, com alíquotas menores sobre uma base maior, a exemplo do que Santa Catarina está fazendo há décadas. A propósito, o Governador Eduardo Leite deveria se espelhar na administração eficiente do Estado vizinho, que para estimular a competividade reduziu impostos, beneficiando toda a cadeia produtiva.