A solidariedade é o combustível que move o Caco

Na estrada da vida, não houve obstáculo que desviasse Everton Alfonsin do caminho do bem. Caco, como é conhecido o empresário canoense, é movido pela solidariedade e milhares já embarcaram com ele em um caminho trilhado pelo amor ao próximo.

É uma vida inteira dedicada a fazer o bem. Empresário bem sucedido, mantenedor do Lar São José, que acolhe idosos, e do Abrigo Raio de Sol, para crianças, presidente da Federação Afro-Umbandista Espiritualista do Rio Grande do Sul (Fauers), voluntário em incontáveis causas sociais, proprietário da Cia do Caco, empresa que tem toda sua renda voltada para caridade, presidente do Conselho de Ética do Município… a lista é grande. “Durmo três horas por dia”, revela Caco, que para dar conta de tudo e manter toda essa rede do bem ainda gera emprego para quase 150 pessoas. E não para por aí. Há um ano, Caco assumiu a presidência do Conselho do Idoso de Canoas, entidade que tem sido fundamental nas ações de combate a pandemia do coronavírus.

Graças ao trabalho em frente ao conselho, 21 lares de idosos de Canoas puderam realizar testes de Covid em todos os vovôs e vovós, além dos trabalhadores desses locais. Foram mais de mil pessoas testadas, gerando um trabalho de prevenção que, com certeza, salvou muitas vidas.

O lar mais recente a receber os testes foi o São José, onde entre os cerca de 50 idosos atendidos, mais de uma dezena é mantida pela Cia do Caco. O mesmo ocorre no Abrigo Raio de Sol, que atende cerca de 40 crianças.

Para angariar fundos para esses trabalhos sociais é que existe a Cia do Caco. Lá, além do trabalho de restauração e customização de carros antigos, há uma coleção particular do empresário com cerca de 5 mil carrinhos em miniatura, com muitas raridades e peças exclusivas. O local fica na Rua Fernando Abbot, 159, bairro Nossa Sra. das Gracas. E lá parte dessa coleção está a venda. Todo o dinheiro arrecadado está sendo usado na preparação do Ônibus da Saúde, que até o final do ano deve estar rodando pelos bairros de Canoas levando atendimento em saúde para as comunidades carentes. Conforme conta Caco, a unidade móvel de saúde contará com apoio de médicos voluntários para o atendimento social. “É a realização de um sonho”.

Mas Caco também realiza o sonho de muita gente. E não é de hoje. São quase 30 anos de voluntariado, sem parar nunca. Nem mesmo quando, por duas vezes, entrou em luta contra o câncer. “Mesmo durante os tratamentos com quimioterapia, seguia promovendo e participando de ações sociais. Só paro no dia em que não estiver mais aqui”, reforça Caco, que venceu a doença. O trabalho voluntário é realizado de forma interrupta. Toda semana há entrega de cestas básicas em Canoas, por exemplo.

Com Caco bem recorda, sem perder a humildade, não há reconhecimento que não tenha ganho. Entre eles a distinção máxima da Assembleia Legislativa, a Medalha do Mérito Farroupilha. Entre tantos outros prêmio, que ele faz questão que sejam recebidos por sua equipe, não por ele. “É um reconhecimento de todos os que estão ao meu lado, e na linha de frente dessa corrente solidária”.

Reconhecimento em todos os lugares

Sem dúvidas, um passado de dificuldades fez despertar essa consciência social em Caco, que apesar de tudo sempre correu atrás de uma vida melhor para ele e para quem estivesse em seu redor. “Ainda muito jovem, já trabalhava em dois empregos, como empacotador e cobrador. Sempre trabalhei”, recorda. Para Caco, não há tempo a ser desperdiçado. A vida é um presente, e precisa ser retribuída.

Com o mesmo respeito em que é recebido em todos os locais por onde passa, não foi diferente no Supremo Tribunal Federal, em Brasília. Como presidente da Fauers, ele foi recebido no STF para tratar de lei que considerou que a imolação de animais para o livre exercício dos cultos e liturgias das religiões de matriz africana não são considerados maus tratos ou práticas cruéis, nos termos do Código Estadual de Proteção dos Animais.

“Nunca vou concorrer a nada na política”

A garantia é dada por Caco, que acaba cumprindo papel importante onde os governos acabam deixando brechas. Convites para entrar para política, não faltam. Todos recusados. “Faço tudo pelo amor ao próximo”.

As lições da pandemia

A pandemia fez necessária ainda mais as ações da Cia do Caco, como o trabalho de testagem em massa realizado nos lares de idoso. “A primeira é que a tua religião não é maior do que a de ninguém. O vírus mostrou que todos somos iguais”, diz, reforçando o pensamento que mesmo como presidente da Federação Afro-Umbandista Espiritualista o fez ser respeitado por praticantes das mais diversas religiões. “A segunda é que reforçou ainda mais a importância da solidariedade, mas que precisa ser feita com coração e de maneira correta, pelo bem de todos”. E a terceira lição destacada por Caco é a aproximação e reforço dos laços familiares, ocorrida pelo necessário confinamento social.

Drive-thru do bem

Para o dia 27 de stembro, domingo, está agendada a próxima ação social de Caco e sua cia. O Drive-Thru do Bem percorrerá as ruas da cidade em uma carreata. Adaptado em função da pandemia, a atividade entra no lugar da tradicional Caminhada de Xangô.